Combinando a tranquilidade rural com todas as exigências essenciais da vida moderna, Turquel é um bom lugar para uma exploração barata dos tesouros circundantes. ​Com falta de atrações e hotéis locais, há algumas pousadas baratas ao redor, especialmente ao longo da estrada IC2, algumas delas com restaurantes bons e baratos, fáceis de reservar localmente, mesmo na alta temporada.

Lentamente, a aldeia está mudando. Os blocos de apartamentos substituem as antigas casas familiares, os automóveis invadem todos os espaços possíveis e os serviços substituem o antigo trabalho na agricultura.

Turquel já não é uma aldeia, mas ainda não é uma cidade. As tradições estão a desaparecer, a autenticidade está desaparecendo, tudo substituído por um visual atípico. Mas, sempre que as imagens antigas aparecem, a nostalgia força a pergunta: é isto um progresso real?

​PS: A crise, parando o boom, parece confirmar minhas dúvidas…

A antiga igreja de Turquel (ao que parece do século XVI) sofreu vários restauros, que alteraram completamente o seu interior. Felizmente, todos respeitaram as portas manuelinas, ambas hoje classificadas pelo nosso departamento de monumentos nacionais.

Durante séculos o símbolo da justiça e da autoridade foi o pelourinho, que a maioria das cidades conserva como referências do seu passado.

Turquel não é exceção, e no lugar central destaca-se o pelourinho como nosso principal monumento

A Rua da Neta, é uma das ruas mais antigas da vila. ​Esta rua íngreme de paralelepípedos ainda tem uma casa tradicional (a última, acho eu) de concepção medieval – animais no térreo, pessoas no primeiro andar, com escada em frente.

“Relego” era o nome de um imposto pago nos tempos históricos aos monges de Alcobaça, que possuíam toda a área envolvente, incluindo Turquel. Relego é hoje o nome da parte mais elevada de Turquel, talvez por ter sido o local onde o imposto era cobrado, e é uma das áreas mais preservadas desta vila em rápida mudança.

Até quando?

Bem no centro da vila ergue-se esta modesta capela construída em 1762. Ainda conserva alguns azulejos representando Santa Verónica, mas o hospital foi fechado há muito tempo.

​A construção recente ao seu redor não respeitou o edifício, que foi quase engolido pela ganância da construção em massa.​

Morei muitos anos naquela rua e, acredite, mudar-me foi a melhor ideia, não só porque me livrei da feira que acontece todos os domingos na rua, mas só preciso escrever “R. Luisa” no meu endereço, em vez de “Rua do Senhor Jesus do Hospital nº X”.​Uff!

 Antigamente, os poucos turistas que passavam, paravam na estrada principal, fotografando um pequeno monte rodeado de campos agrícolas, com três moinhos a trabalhar no seu topo. A paisagem mudou, o betão substituiu a agricultura, mas alguns moinhos ainda resistem, misturados com as casas, com os proprietários a mostrarem o seu amor pelas velhas memórias.

Até quando? A visão de longe está agora seriamente perturbada, mas aproximar-se dos moinhos de vento é hoje, muito melhor.

Foi uma grande surpresa para mim! Morando numa pequena povoação, onde (supostamente) todos se conhecem, fui uma das dezenas que lutaram na guerra na África, com a ideia de que a nossa comunidade tinha sido poupada, e ninguém fora morto. Foi uma surpresa ver, de frente para o cemitério, um simples monumento que lembra nada menos que 4 vizinhos mortos na guerra.

Justo Couto, Silvestre Silva, Vitorino Simão e Manuel Lopes, este, possivelmente, um dos meus primos afastados, foram as vítimas.

A todos eles, o meu respeito.

Às vezes, Turquel muda de cara e surpreende-nos. A beleza pode estar do outro lado da rua, e desde 1989 não houve neve em Turquel, até 29/1/2006, quando a neve foi um evento extraordinário em quase todo o país, e uma boa oportunidade para inusitadas fotos.

​Quase não tive tempo de tirar fotos, e foi a primeira (e última) vez em que a neve se tornou um problema – precisei de trazer a Fernanda de Coimbra e o trânsito ficou fechado por algum tempo.

Numa pequena casa pertencente à Associação Filarmónica, a ADEPART, uma organização cultural, criou em 2001 um pequeno museu.

Collecting the local memories, in display there are traditional instruments, books, paintings, and handicrafts.​ One of my uncles donated his funny wooden carvings works, with caricatures of most known personalities, which can also be seen there. The museum was recently moved to an old school, in Casal da Lagoa.

Casal de Val-de-Ventos, fica no alto da serra dos Candeeiros. Era, antigamente, uma aldeia remota e pobre, de difícil acesso e comunicação com o “mundo exterior”. Melhores estradas e a indústria de extração de pedra, permitiram a abertura e desenvolvimento dos últimos dias.

​Novas moradias aparecem aqui e ali, e os sinais das tradicionais casinhas de pedra estão desaparecendo, mas ainda presentes.

Uma pequena lagoa dá o nome a esta zona de Turquel. A lagoa não é mais do que um grande charco, mas, com alguns cuidados dos vizinhos, apresenta águas límpidas onde podemos ver alguns peixes grandes.

Perto há um prédio muito antigo, que já foi um lagar de azeite.

Inserida no Parque Natural de Aire e Candeeiros, esta serra é uma zona selvagem, excelente para fazer trekking e observar a vida natural e as formações geológicas. As vistas são incríveis e, de grutas a trilhas de dinossauros, há muito para ver e fazer longe das multidões.

Ambiente agreste e vistas amplas circundam belos e apelativos recantos, para umas férias longe de tudo.

No alto da montanha, a antiga casa dos guardas é um local de eleição para piqueniques, e possibilidade de pernoitar para uma dezena de pessoas.

Na subida ao Parque Natural, a partir de Turquel, passa-se junto a uma pequena capela.

É um edifício inconfundível, um marco da religiosidade local, que fez com que alguns populares o construíssem, longe de tudo, quase perdido na serra.

Uma vez por ano há uma festa popular na capela, e acho que é tudo.

Uma coisa interessante a notar:

Os monges de Cister cobriam uma grande área ao redor Alcobaça, atingindo a serra dos Candeeiros a quase 20 Km de distância.

​Algumas construções estão perdidas mas numa grande quinta chamada “Quinta de Val-de-ventos” ainda é possível ver como faziam a gestão das necessidades de água – uma grande cisterna, em ruínas, mas ainda a recolher água, pode ser vista à entrada .

No alto da serra, em pleno Parque Natural, a vida é dura. Longos muros de pedras empilhadas não têm a finalidade de fechar propriedades, é principalmente uma forma de libertar pequenas porções de terra para uso na agricultura.

Essas paredes, que se estendem por toda a paisagem, foram substituídas, recentemente, por uma florescente indústria, da pedra para construção.

​A paisagem mantém-se preservada (bem…), mas é fácil distrair a atenção com os grandes miradouros, desde Turquel aos seus pés, até aos distantes edifícios e falésias da Nazaré, com o sol e o mar a fundirem-se na bruma.

Muitas vezes, os locais sobem a montanha, param um pouco e deixam os olhos e a imaginação viajarem.

O Parque Natural da Serra de Aire e Candeeiros é uma reserva de fauna e flora, mas nos dias de hoje, a paisagem está a mudar. O “talefe” é uma construção geodésica que marca o ponto mais alto da serra dos Candeeiros.

Na minha juventude, um dos nossos maiores desafios era subir a montanha e subir até o talefe.

Mudanças profundas transformaram o ponto mais alto num anão.

Ainda vai motivar os jovens?

É uma tradição antiga levar as crianças para os campos, recolher uma espiga de trigo e usá-la para compor um ramo com flores silvestres. O Parque Natural de Aire e Candeeiros não é muito frequentado pelos locais, mas, por vezes, atrai visitantes de locais distantes.

É, de facto, um grande pretexto para dar a essas crianças felizes um dia rico em busca da natureza.

O meu amigo Avelino é um cidadão do mundo, cujo hobby é... fazer amigos. Depois de muitos anos nos EUA, ele voltou para casa, cercado por toneladas de… tudo.

Tanta coisa que ele decidiu compartilhar, construindo ao lado da sua casa uma espécie de museu.

Imprevisível, e sempre em movimento, as obras param e vão, mas ele não podia esperar muito e muitas coisas já estão à mostra, num “desfile” bagunçado, mas engraçado.​​

Fica na estrada para Alcobaça, por isso é só parar e sorrir​. Não se atreva a parar por muito tempo, ou corre o risco de arranjar… um novo amigo.

Apesar da nova presença do parque eólico, a serra dos Candeeiros mantém todo o seu encanto. A luta pela sobrevivência contra o solo rochoso, deu lugar a um lucrativo negócio de pedra, visível em todo o lado. às vezes atacando a paisagem.

​Na zona sul, a curiosa exploração de sal (pertencente à zona de Rio Maior), a 200 metros acima do nível do mar, ainda confunde os locais.

The dominant activity in Serra dos Candeeiros is stone extraction.
The intense work eviscerates the mountain, but, at the same time, opens accesses and makes images of great intensity available.